Cronologias

É lançado o programa SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) por um despacho conjunto do ministro da Administração Interna, Manuel da Costa Brás, e do secretário de Estado da Habitação e Urbanismo, Nuno Portas. Destinava-se a apoiar a participação de populações e entidades na transformação e reconversão urbanas, articulando os cidadãos e os técnicos do Estado. Em agosto de 1975 o SAAL abrangia 41 operações, existindo 53 pedidos pendentes.

O Presidente da República, general Spínola, aplica penas de suspensão a três jornais: República (um dia) e Diário de Lisboa e A Capital (dois dias) devido ao apoio dado pelos jornais em causa a uma manifestação de extrema-esquerda contra o prosseguimento de operações militares em África. A decisão do Presidente foi tomada sem cobertura legal e sem consulta da comissão ad hoc, que se demitiu em protesto. A 2 de agosto, as suspensões são levantadas. Para tal contribuiu a auto-suspensão de outros jornais, em solidariedade.

Em Portimão e em Faro é impedida a realização de comícios do CDS por simpatizantes de extrema-esquerda.

Ao longo do mês de agosto ocorreram inúmeras greves, nomeadamente no Matadouro de Lisboa, Handy, Instituto dos Cereais, Laboratórios Pfizer, UCAL, J. Pimenta, entre trabalhadores agrícolas, pescadores, etc.

É criada a cooperativa de Teatro de revista Adóque, envolvendo atores ligados a movimentos de esquerda como Ermelinda Duarte, Francisco Nicholson, José Viana e Henrique Viana, parte deles saídos do Teatro ABC (Parque Mayer). Pretendiam criar um teatro de revista popular e progressista. Instalaram-se no Martim Moniz num teatro desmontável. Levaram à cena revistas como «Pides na Grelha» (setembro de 1974) e «A Cia dos Cardeais» (setembro de 1975).

Início da visita oficial a Lisboa de Kurt Waldheim, secretário-geral da ONU. Conferencia com as autoridades portuguesas e, no final, divulga um comunicado do Departamento de Informação das Nações Unidas sobre os territórios africanos sob administração portuguesa.

António de Spínola desloca-se à Base-Escola de Pára-quedistas, em Tancos.

Conferência de Imprensa de Conceição e Silva, da Comissão de Extinção da PIDE/DGS e Legião Portuguesa. Segundo ele, a máquina repressiva do regime deposto incluía: 2162 funcionários e cerca de 20 mil informadores da PIDE; 80 mil legionários, 600 informadores e 200 elementos da Força Automóvel de Choque da Legião Portuguesa. Segundo o relatório da Comissão de Inquérito às Escutas Telefónicas, em abril de 1974 a PIDE/DGS «dispunha de uma capacidade máxima de escuta simultânea de 56 telefones, em Lisboa, e de oito, no Porto». Adquiridas por Barbieri Cardoso, por intermédio dos serviços secretos franceses, as 45 unidades de escuta montadas no 4.º andar do edifício sede da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso, registavam o número marcado, começando um gravador a rodar no momento em que era levantado o auscultador.

Tomada de posição da JSN contra «o clima de caos e anarquia existente no País».