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Em 2023, cerca de 1,8 milhões de residentes no nosso país estavam em situação de pobreza monetária, isto é, dispunham de um rendimento equivalente mensal inferior a 632 euros. A taxa de pobreza era de 16,6%, um valor ligeiramente inferior ao de 2022 (17%) mas superior ao verificado em 2021 (16,4%).
A intensidade da pobreza (que avalia quão pobres são os pobres) manteve-se praticamente inalterada (25,7%) também aqui claramente acima da verificada em 2021 (21,7%).
Incidência da Pobreza Monetária por regiões (2023)
Os Açores e a Madeira permanecem como as regiões mais pobres do país, apresentando taxas de pobreza de 24,2% e 19,1% respetivamente. Saliente-se, porém, que em ambas as regiões se verificaram diminuições dos níveis de pobreza comparativamente a 2022, que foi particularmente expressiva na Região Autónoma da Madeira (menos 5,7 pontos percentuais).
No Continente destaca-se a Península de Setúbal como a região com maior incidência de pobreza (18,7%), tendo registado um agravamento de 1,8 pp entre 2022 e 2023. A Grande Lisboa é a região que revela menor taxa de pobreza (12,9%), registando uma diminuição de 0.9 pp em relação ao ano anterior.
Evolução da percentagem de crianças e idosos em situação de Pobreza
A diminuição da pobreza em 2023 refletiu-se de forma diferenciada nos diferentes grupos etários.
A incidência da pobreza nas crianças e jovens reduziu-se de 20,7% para 17,8%. Este último valor é o mais baixo registado desde o início da publicação dos dados do ICOR, em 2003.
Em sentido oposto, o aumento de quatro pontos percentuais na taxa de pobreza dos idosos (de 17,1 em 2022 para 21,1 em 2023) acrescenta motivos de preocupação e exige uma explicação mais detalhada.
É fundamental, por isso, investigar se o agravamento da pobreza dos idosos resulta de alterações metodológicas introduzidas no ICOR 2024 no cálculo das pensões de velhice ou se tem razões mais profundas.
O aumento da pobreza nos idosos introduz igualmente uma alteração significativa no perfil da pobreza por grupos etários. Pela primeira vez desde 2006 a taxa de pobreza dos idosos é superior à das crianças e jovens.
Taxa de Pobreza na União Europeia (2022)
Em 2022, Portugal era o décimo primeiro país da União Europeia com maior taxa de pobreza (16,6%), situando-se ligeiramente acima da média da União Europeia (16,2%).
Taxa de Pobreza por grupo etário (2023)
O desagravamento da incidência da pobreza ocorrida em 2023 refletiu-se de forma diferenciada nos diferentes grupos etários.
O aspeto mais saliente é a redução expressiva da incidência da pobreza nas crianças e jovens cuja taxa de pobreza se reduziu de 20,7% para 17,8%. Este último valor, constitui mesmo o mais baixo registado desde o início da publicação dos dados do ICOR, em 2003.
Em sentido oposto, a subida em quatro pontos percentuais da taxa de pobreza dos idosos (de 17,1 em 2022 para 21,1 em 2023) acrescenta motivos de preocupação e exige uma explicação mais detalhada.
Taxa de Pobreza por composição do agregado familiar (2023)
A análise da pobreza por tipo de família permite identificar os núcleos familiares mais vulneráveis à pobreza monetária.
Em consequência do duplo efeito da diminuição da taxa de pobreza das crianças e do acréscimo da incidência da pobreza dos idosos verificou-se, pela primeira vez desde 2007, que a taxa de pobreza das famílias com crianças dependentes é menor do que a das famílias sem crianças dependentes (16,4% e 16,7%, respetivamente).
Os grupos familiares em que existe uma predominância relativa de idosos são aqueles que registam maior crescimento da taxa de pobreza.
No caso das famílias unipessoais a taxa de pobreza subiu para 28.6% em 2023. As famílias compostas por dois adultos em que pelo menos um é idoso viram a sua taxa de pobreza aumentar 3,7 pontos percentuais passando para 18,3%.
As famílias monoparentais e as famílias com três ou mais crianças dependentes apresentavam as taxas de pobreza mais elevadas (31,0% e 28,2%, respetivamente). Os dados do ICOR 2024 confirmam assim que estes dois tipos de família permanecem como as mais vulneráveis à pobreza.
Taxa de Pobreza segundo a condição perante o trabalho (2023)
A população em situação de desemprego é um grupo social extremamente vulnerável à pobreza. A pobreza neste grupo, apesar de ter diminuído 2,4 pp face a 2022, é das mais elevadas entre a população portuguesa (44,3%). O desemprego permanece, assim, um dos principais fatores de pobreza.
A proporção da população empregada que vive em situação de pobreza diminuiu de 10,0% para 9,2%. A existência de uma percentagem tão expressiva de indivíduos que apesar de terem emprego não conseguem evitar a pobreza não pode deixar de constituir um dos fatores mais inquietantes da situação social do país.
A incidência da pobreza da população reformada foi aquela que mais aumentou, passado de 15,4% em 2022 para 19,6% em 2023. Esta subida, associada ao aumento da pobreza na população idosa necessita de uma investigação mais profunda das suas causas.
Taxa de Pobreza segundo o nível de escolaridade completado (2023)
A análise da pobreza por nível de escolaridade completado ilustra, claramente, o papel da educação no risco de pobreza.
Quanto maior é o nível de escolaridade menor é a taxa de pobreza registada em 2023. Em média, uma pessoa com o ensino superior confronta-se com uma taxa de pobreza (6,5%) que é 3,6 vezes inferior à de uma pessoa que só completou o ensino básico (23.5%).
Estes números revelam claramente o papel da escola, e de uma forma mais genérica dos níveis de qualificação, como o mais importante elemento do «elevador social» e como o instrumento mais eficaz para reduzir a pobreza.