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Rendimentos e Desigualdade
A evolução recente dos rendimentos familiares e dos principais indicadores de desigualdade
4 min
Distribuição do Rendimento Disponível

Evolução Real do Rendimento Médio Disponível por Adulto Equivalente (Euros/Mês) 2010-2023

Em 2023 o rendimento médio por adulto equivalente registou um acréscimo nominal de 4,1%, passando de 1197 euros mês para 1246 euros. Tendo em conta a taxa de inflação registada (4,3%), o rendimento médio das famílias, em termos reais, manteve-se praticamente inalterado.

O perfil de evolução do rendimento equivalente das famílias não foi, porém, homogéneo. De acordo com os dados publicados pelo INE, o valor do percentil 20 (a fronteira que separa os rendimentos dos 20% mais pobres das restantes famílias) aumentou em termos reais cerca de 3,5% o que certamente contribuiu para alguma melhoria da situação económica das famílias mais vulneráveis.

O rendimento mediano registou um acréscimo real de 2,6%. Simultaneamente, verificou-se uma contração dos rendimentos mais elevados. O valor do percentil 90 (que separa os rendimentos dos 10% mais ricos do rendimento das restantes famílias) diminuiu em termos reais 3,5%.

Esta correção das assimetrias na distribuição dos rendimentos – assente num aumento mais expressivo dos recursos das famílias mais pobres comparativamente ao conjunto da população – desempenhou, como veremos, um papel importante na diminuição dos principais indicadores de pobreza e de desigualdade

 

Rendimento Mensal Equivalente na União Europeia 2022 (valores em euros)

Em 2022, último ano para o qual o Eurostat disponibiliza informação sobre todos os países da União Europeia (UE), o rendimento médio mensal por adulto equivalente das famílias portuguesas foi de 1197 euros. Portugal era, nesse ano, o 19º país com o rendimento mais baixo do conjunto de estados-membros. O seu rendimento médio por adulto equivalente correspondia a 62,3% do rendimento médio da União Europeia.

 

Evolução da Desigualdade: Coeficiente de Gini* (2010-2023)

Em 2023, o coeficiente de Gini sofreu um desagravamento de 1,8 pontos percentuais, fixando-se em 31,9%. Este resultado traduz uma recuperação da desigualdade face ao aumento verificado em 2022, mas foi ainda insuficiente para repor os valores que existiam antes da crise (31,2% verificado em 2019).

 

* Coeficiente de Gini: indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição, assumindo valores entre 0 (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo). 

Evolução da Desigualdade: Rácio S90-S10 e S80-S20

Uma outra forma de olhar para a evolução da desigualdade é confrontar a distância que separa o rendimento médio dos indivíduos na base da escala de rendimento com o daqueles que se situam no topo da escala.

Os índices S80/S20 e S90/S10 permitem-nos medir a desigualdade entre os extremos da distribuição do rendimento por adulto equivalente. A evolução destes indicadores é semelhante à observada para o coeficiente de Gini. Em 2023, o rendimento médio por adulto equivalente dos 10% mais ricos era cerca de 8,9 vezes superior ao dos 10% de menores rendimentos.

Tal como verificado com o coeficiente de Gini a evolução destes indicadores reflete um desagravamento da desigualdade em 2023 que, contudo, não foi ainda suficientemente amplo para repor os valores de 2019, anteriores à crise provocada pela pandemia.

 

Desigualdade por Regiões: Coeficiente de Gini * (2023)

Uma análise mais fina das diferenças regionais passou a ser possível com a adoção, pelo ICOR 2024 da nova versão da Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos (NUTS-2024).

O nível de desigualdade, medido pelo coeficiente de Gini, varia entre as várias regiões do país. O arquipélago dos Açores, com um valor de 33,8% era a região do país com maior assimetria na distribuição dos rendimentos, cerca de 1,9 pontos percentuais acima da média nacional. No Continente, a região mais desigual é a Grande Lisboa com um coeficiente de Gini de 32,9%.

 

* Coeficiente de Gini: indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição, assumindo valores entre 0 (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo). 

Desigualdade na União Europeia: Coeficiente de Gini * (2022)

Em 2022, Portugal era o quarto país mais desigual da União Europeia, com um coeficiente de Gini de 33,7%. O país registava, nesse ano, um valor superior em 4,1 pontos percentuais à média da União Europeia

Os efeitos económicos do impacto da pandemia e do aumento dos preços no território nacional levaram a uma forte deterioração da posição relativa de Portugal. Em 2019, ano anterior ao dos principais efeitos da pandemia, o coeficiente de Gini era de 31,2%, um valor superior à média da UE em 1.2 pontos percentuais. Portugal ocupava então a oitava posição entre os países mais desiguais.

 

 

* Coeficiente de Gini: indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição, assumindo valores entre 0 (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo).

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