A Economia do Futuro
A crise financeira e económica que teve início em 2007 levou a União Europeia e diversas entidades de âmbito internacional e global (Nações Unidas, OCDE, New Economics Foundation, McKinsey, etc.) a uma reflexão sobre os modelos de desenvolvimento ecnónomico das nossas sociedades. Não obstante a sua diversidade, todos eles salientam a necessidade de uma transição para novos modelos de desenvolvimento socioeconómico, no sentido não só de ajudar a superar acrise mas também de evitar as externalidades ecológicas associadas ao modelo de crescimento económico prevalecente nas últimas décadas.
Este estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, realizado no âmbito do Projeto “MuVE – Mudança de Valores para a Economia do Futuro”, conduziu uma análise comparativa de vinte documentos sobre cenários desejáveis para a economia do futuro, a partir da qual se obteve uma Agenda de Transição de referência, que sintetiza os aspetos essenciais das principais conceções em confronto: a visão ainda hoje dominante de economia do crescimento, a visão da economia “verde” e a visão do que se designa por economia do bem-estar. De seguida, procurou avaliar o grau de adesão e predisposição para a mudança por parte dos Portugueses – cidadãos comuns, empresários e autarcas - face a opções contrastantes sobre a economia do futuro, aferindo o seu grau de adesão às referidas propostas de mudança e tentando, ainda, perceber se as atitudes e as opiniões expressas se associam a valores e a características particulares dos inquiridos. Nesse sentido, colocaram-se aos inquiridos questões como:
- qual deve ser o objetivo principal de uma economia?
- qual deverá ser o papel do Estado na economia?
- quão diferente do atual deve ser o futuro modelo da economia?
- quais os instrumentos de regulação económica mais importantes para um modelo de desenvolvimento económico sustentável?
- qual o papel da gestão autarca num modelo de desenvolvimento económico sustentável?
Para além de procurar conhecer as respostas dos inquiridos a estas e outras questões, este estudo procura ainda perceber se elas se associam a valores e a características particulares dos inquiridos e colocar em debate público os resultados obtidos. Estes devem ser encarados como um ponto de partida para um debate mais amplo, que leve em conta o que une e o que divide os portugueses em matérias decisivas para repensar a economia do futuro e que pondere as razões e as condições de construção de agendas de transição a favor de um modelo de desenvolvimento socioeconómico mais sustentável em Portugal.