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«Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento!»

«Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento!»

A propósito da Dia Internacional da Juventude, que se celebra a 12 de Agosto, divulgamos um texto de Immanuel Kant.
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Neste Dia Internacional da Juventude, divulgamos um texto em que o filósofo Immanuel Kant exorta as pessoas a que tenham a coragem de utilizarem o seu próprio entendimento, o mais possível, largando assim a «menoridade» a que se entregam quando decidem deixar-se orientar por especialistas.

 

«O Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo. 

A preguiça e a cobardia são as causas de os homens em tão grande parte, após a natureza os ter há muito libertado do controlo alheio, continuarem, no entanto, de boa vontade menores durante toda a vida; e também porque a outros se torna tão fácil assumirem-se como seus tutores. É tão cómodo ser menor. Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um director espiritual que tem em minha vez consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não preciso de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida. Porque a imensa maioria dos homens (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e também muito perigosa é que os tutores de boa vontade tomaram a seu cargo a superintendência deles. Depois de, primeiro, terem embrutecido os seus animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo não é assim tão grande, pois aprenderiam por fim muito bem a andar. Só que um tal exemplo intimida e, em geral, gera pavor perante todas as tentativas ulteriores.»

Fonte: Immanuel Kant, A Paz Perpétua e Outros Opúsculos, tradução de Artur Morão, Lisboa: Edições 70, 2008, pp. 9‑10.
Excerto retirado do livro À procura da liberdade: Uma antologia (pp. 46-47), publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

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Portuguese, Portugal